Gestão de estimativas

Como estimar os riscos de um projeto?

Gerenciar os riscos é altamente importante para garantir o sucesso de um projeto. A história do surgimento da gestão dos riscos demonstra isso. E realizar estimativas é uma etapa importante para o gerenciamento de riscos em projetos.

Através das estimativas, é possível identificar quais riscos estão presentes no projeto e avaliar a probabilidade de ocorrência de cada um deles. Além disso, as estimativas ajudam a medir os possíveis impactos que esses riscos podem ter no projeto caso ocorram.

Com base nessas estimativas, as equipes de gerenciamento de projetos podem desenvolver estratégias de mitigação de riscos e implementar planos de contingência para minimizar o impacto desses riscos caso eles ocorram. A realização de estimativas é, portanto, uma parte importante do processo de gestão de riscos que ajuda a garantir o sucesso do projeto e minimiza potenciais perdas e prejuízos.

“A arte da previsão consiste em antecipar o que acontecerá e em preparar-se para o que não se pode evitar.” – Sun Tzu.

Etapas da gestão dos riscos de um projeto

Podemos resumir a gestão dos riscos de um projeto em 6 etapas de responsabilidade do gerente do projeto, conforme tabela seguinte.

Etapas da gestão dos riscos

Etapa

Descrição

Identificar os riscos Estime todos os possíveis riscos que possam afetar o projeto, como atrasos, mudanças de escopo, problemas de qualidade, entre outros.
Analisar os riscos Estime a probabilidade de cada risco ocorrer e estime o impacto que cada um teria no projeto. Use técnicas como Análise SWOT, Análise PESTLE, Análise de Stakeholders, entre outras, para ajudar na análise dos riscos.
Priorizar os riscos Classifique os riscos em ordem de prioridade, levando em conta sua probabilidade e impacto. Isso ajudará a determinar quais riscos precisam de mais atenção e ação imediata.
Desenvolver estratégias de mitigação Crie planos para mitigar os riscos de maior prioridade identificados. Por exemplo, se o risco for atraso na entrega, você pode criar um plano de contingência com um cronograma de backup.
Implementar planos de contingência Execute os planos de contingência para minimizar o impacto dos riscos.
Monitorar e controlar os riscos Acompanhe os riscos identificados durante todo o projeto, verificando se as estratégias de mitigação e os planos de contingência estão sendo executados conforme o planejado e fazendo ajustes, se necessário.

Como você já pode perceber, as estimativas são essenciais para as duas primeiras etapas.

Estimando quais os riscos podem acontecer

Uma pequena dose momentânea de pessimismo é bom quando o gerente de projeto precisa identificar os riscos que podem impactar o projeto negativamente. De certa forma, gerenciar riscos de um projeto é manter uma preocupação em pensar sobre as possibilidades negativas que podem acontecer no projeto.

“A única coisa que sabemos sobre o futuro é que ele será diferente.” – Peter Drucker.

As técnicas de estimativas que são comumente utilizadas para identificar riscos a um projeto são:

  • Estimativa por enquete
  • Estimativa por grupo focal
  • Estimativa análoga

Independente de qual a técnica seja utilizada, elaborar uma Estrutura Analítica de Riscos (EAR) é uma boa prática para garantir que sejam considerados riscos de todas as áreas cuja podem ocorrer riscos ao projeto.

A figura abaixo apresenta uma EAR genérica para o desenvolvimento de um novo software.

EAR para o projeto de desenvolvimento de um novo software.
EAR para o projeto de desenvolvimento de um novo software.

Tomando o projeto de desenvolvimento de um software para a gestão de viagens corporativas na empresa IESAB Engenharia de Elevação, por meio da técnica de grupo focal, foram listados os dez riscos de maior criticidade ao projeto conforme tabela a seguir.

Riscos do projeto de desenvolvimento de software de viagens corporativas
Risco Descrição
Atrasos na entrega de componentes Se fornecedores de hardware ou software atrasarem a entrega de seus componentes, isso pode causar atrasos no desenvolvimento do software e, consequentemente, no cronograma.
Problemas de compatibilidade Se as diferentes partes do software não forem compatíveis entre si ou com outras tecnologias necessárias para o software de viagens, isso pode atrasar o projeto e causar custos adicionais.
Mudanças no escopo do projeto Se os requisitos do software mudarem, isso pode levar a atrasos e a custos adicionais para modificar o código.
Falhas na segurança Se o software de viagens não atender aos requisitos de segurança, isso pode causar atrasos no desenvolvimento e aumentar os custos do projeto.
Problemas com a equipe Conflitos de equipe, problemas de comunicação e falta de habilidades técnicas necessárias também podem causar atrasos no desenvolvimento e aumentar os custos.
Problemas de infraestrutura Se a infraestrutura de TI não suportar o software de viagens, isso pode levar a atrasos e a custos adicionais para modificar a infraestrutura.
Mudanças regulatórias Mudanças na regulamentação governamental relacionadas a viagens podem afetar o software e causar atrasos ou custos adicionais para atualizar o código.
Problemas com terceirizados Se terceirizados que estão trabalhando no projeto não cumprirem com os prazos ou qualidade esperada, isso pode afetar o cronograma e o orçamento.
Problemas de usabilidade Se o software não atender às expectativas dos usuários em termos de usabilidade e experiência do usuário, pode haver atrasos para ajustar e corrigir problemas.
Problemas de desempenho Se o software não funcionar corretamente em termos de desempenho, como lentidão ou travamentos, pode ser necessário ajustar o código e isso pode atrasar o projeto.

Estimando a probabilidade de o risco acontecer

Para gerenciar riscos, é necessário conhecer as características dos riscos identificados. E as duas características mais importantes para conhecermos sobre um risco são:

  • Probabilidade de que o risco aconteça
  • Impacto do risco caso o mesmo aconteça

Probabilidade e impacto são as características que definem qual a criticidade do risco. Em termos matemáticos, a criticidade de um risco é dada por:

Criticidade = Probabilidade x Impacto

Utilizando a combinação de 4 condições para essas características, a saber:

  • Probabilidade ALTA
  • Probabilidade BAIXA
  • Impacto ALTO
  • Impacto BAIXO

Podemos compor três níveis de criticidade para cada risco.

  • Criticidade baixa: Probabilidade BAIXA e Impacto BAIXO
  • Criticidade média: Probabilidade BAIXA e Impacto ALTO ou Probabilidade ALTA e Impacto BAIXO
  • Criticidade alta: Probabilidade ALTA e Impacto ALTO

A figurar a seguir ilustra esses quatro cenários.

Cenários de diferentes criticidades do risco (combinações de probabilidade e impacto).
Cenários de diferentes criticidades do risco (combinações de probabilidade e impacto).

As técnicas de estimativas que são comumente utilizadas para estimar a probabilidade de um determinado risco acontecer são:

  • Estimativa por enquete
  • Estimativa por grupo focal
  • Estimativa análoga

Estimando o impacto caso o risco ocorra

As técnicas de estimativas que são comumente utilizadas para estimar o impacto dos riscos caso aconteçam são:

  • Estimativa por enquete
  • Estimativa por grupo focal
  • Estimativa análoga
  • Estimativa por Análise de Monte Carlo

Das técnicas acima citadas, a mais completa e complexa é a análise de Monte Carlo. Estudaremos mais sobre ela a seguir.

Estimativa por análise de Monte Carlo

A Análise de Monte Carlo é uma técnica de simulação probabilística programada em softwares estatísticos, e possui um caráter de gestão preditiva.

Por exemplo, a técnica de Monte Carlo pode ser usada no planejamento de custos de um projeto. Dado que o gerente de projeto deve estimar o custo total do projeto, em vez de simplesmente usar um único número, ele pode usar a técnica de Monte Carlo para gerar um grande número de cenários aleatórios para o custo total do projeto. Cada cenário pode ser baseado em diferentes fatores, como o tempo do projeto, o custo dos recursos, a complexidade do projeto, entre outros. Depois de executar cada cenário várias vezes, o gerente de projeto pode usar a técnica para analisar os resultados e determinar a probabilidade de atingir um determinado objetivo de custo.

O resultado da análise de Monte Carlo pode ser apresentado em gráficos como o gráfico a seguir. Avaliando o gráfico você consegue perceber a probabilidade de impactos do risco no prazo do projeto.

Gráfico do resultado de uma análise de Monte Carlo aplicada aos resultado de um projeto.
Gráfico do resultado de uma análise de Monte Carlo aplicada aos resultado de um projeto.

A técnica de Monte Carlo é uma técnica estatística usada para simular eventos aleatórios. Ela é amplamente usada em projetos para prever os resultados de diferentes cenários em que a variabilidade é uma consideração importante. A técnica recebe esse nome em homenagem ao famoso cassino em Monte Carlo, Mônaco, onde a aleatoriedade é um fator importante.

A técnica de Monte Carlo envolve a geração de um grande número de cenários aleatórios e o cálculo dos resultados de cada um deles. Isso pode ser feito usando um software especializado, que simula os resultados de cada cenário aleatório. Cada cenário é executado várias vezes, e os resultados são registrados.

Os resultados são então analisados usando estatísticas para determinar a distribuição de probabilidades dos possíveis resultados. Isso permite que os gerentes de projeto identifiquem possíveis riscos e oportunidades e calculem a probabilidade de atingir um determinado objetivo.

O software mais popular para realização de Análise de Monte Carlo de um projeto é o RiskyProject Lite, que possui integração com o MS Project e é comercializado pela Intaver Institute.

O vídeo a seguir apresenta um overview da utilização do RiskyProject.

Título do vídeo: RiskyProject Overview

Conclusão

Use as técnicas de estimativas para gerenciar os riscos do projeto estimando:

  • Quais riscos podem acontecer;
  • Qual a probabilidade de cada risco acontecer;
  • Qual o impacto de cada risco caso ocorra.

Quiz de Fixação

Teste o seu aprendizado. Escolha uma alternativa para as perguntas a seguir.

 

1. Qual das técnicas abaixo é a técnica mais robusta para estimar o impacto dos riscos em um projeto?

Correct! Wrong!

A análise de Monte Carlo é a técnica de estimativa mais robusta, precisa de simulações computacionais para apresentar o seu resultado.

2. Quais dos itens abaixo NÃO é um item a ser estimado para realizar a gestão dos riscos?

Correct! Wrong!

Os itens de A a C são itens que devem ser estimados para a gestão dos riscos. O dono do risco não é um item a ser estimado. Esse é um item a ser selecionado pelo gerente do projeto com o apoio da equipe do projeto.

3. Qual dos itens abaixo NÃO ajuda a estimar quais são os riscos de um projeto?

Correct! Wrong!

A análise de Monte Carlo é uma técnica para estimar o impacto dos riscos no projeto. Ela não estima quais riscos podem acontecer no projeto.

Anderson Ferreira

Anderson Ferreira é engenheiro mecânico pela PUC Minas, MBA em gestão de projetos pela USP, certificado como PMP pelo Project Management Institute, Mestre em Engenharia pela UFMG e certificado PMO-CP pela PMO Global Alliance. Anderson ama a gestão de projetos e engenharia, e acredita que unindo esses dois conhecimentos podemos construir um Brasil cada vez melhor.