Vocação e trabalho

Desvendando as Perspectivas do Mundo do Trabalho: Uma Reflexão Sobre a Geração Atual

Recentemente, compartilhei um vídeo intrigante em meu canal no YouTube que narra a trajetória inspiradora de um limpador de para-brisa de semáforo que encontrou e agarrou uma oportunidade transformadora, tornando-se um alpinista e dedicando-se à limpeza de vidros em arranha-céus. Veja o vídeo abaixo:

A mensagem subjacente parece clara para mim: este indivíduo demonstrou excelência em seu ofício e experimentou uma ascensão profissional notável.

No entanto, para minha surpresa, deparei-me com uma enxurrada de comentários que contradizem a essência do vídeo. Ao analisar o perfil da maioria desses comentaristas — notando fotos de anime e uma linguagem digital característica da geração Z — percebi um padrão intrigante.

Esses jovens argumentavam que preferiam “mil vezes” a atividade de limpar para-brisas no semáforo do que se tornarem alpinistas assalariados.

Refletindo sobre isso à luz de uma pesquisa recente que estudei, a pesquisa revela que o maior sonho entre os jovens é trabalhar sem ter um líder, sem a figura de um superior hierárquico, compreendo melhor a motivação por trás desses comentários.

A juventude contemporânea parece subestimar os benefícios associados a uma carreira regulamentada. Aspectos como salário fixo, férias remuneradas, décimo terceiro salário, remuneração em dias de feriado, benefícios como ticket alimentação, auxílio transporte, uniforme fornecido, salário durante licença médica por doença, seguro de vida e a oportunidade de trabalhar em projetos significativos e em equipe são desvalorizados.

Vale ressaltar que a atividade de limpador de para-brisa em semáforos não é uma profissão regulamentada, muitas vezes relegando seus praticantes a situações humilhantes, mendigando por contribuições de motoristas desconhecidos.

Acredito que a aversão da geração atual à ideia de ter um superior direto está enraizada na falta de apreço pelo compromisso e pela disciplina. Muitos desses jovens parecem acreditar que podem alcançar sucesso e lucratividade sem comprometer-se com horários ou responsabilidades associadas ao trabalho assalariado.

Enquanto minha geração via os líderes como fontes de inspiração e trabalhava arduamente para desenvolver habilidades de liderança, percebo que a geração Z não compartilha desse entusiasmo. Ao invés disso, optam por buscar uma vida profissional autônoma e “fácil”.

No entanto, acredito firmemente que a experiência ensinará a esses jovens que o trabalho autônomo, sem horários ou disciplina, não os levará longe. Eventualmente, eles se tornarão os líderes de si mesmos, impondo disciplina e rigor quando os resultados abaixo do esperado os confrontarem com a realidade de que o sucesso requer comprometimento.

A maturidade inevitavelmente os conduzirá à compreensão de que, seja trabalhando sob a liderança de outro ou de forma independente, a responsabilidade e a prestação de contas são inescapáveis. Afinal, há sempre alguém a quem devemos satisfazer: o cliente.

O cliente vai te cobrar pontualidade, compromisso e qualidade. No final das contas, o cliente é o chefe.”

Porque desse problema?

Sem me estender muito, acredito que esse problema tem a ver com:

  • Muitos coachs divulgando curso falando que é fácil ganhar dinheiro sozinho com marketing digital
  • Muitos coachs vendendo curso falando que é fácil ganhar dinheiro sozinho com daytrader
  • Muitos influenciadores divulgando sua vida de dinheiro fácil trabalhando sozinhos
  • Muitas casas de apostas divulgando ganho de dinheiro fácil e sozinho

Evidentemente, eu acredito que todas as informações que essas informações são falsas e iludem o jovem atual.

Gerações

Caso se interesse, abaixo temos a classificação das gerações em uma tabela:

Geração Período de Nascimento Características Principais
Geração Silenciosa Meados de 1920 a 1940 Cresceram durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial.
Baby Boomers Meados de 1940 a 1960 Nomeados devido ao aumento na taxa de natalidade pós-guerra.
Geração X Meados de 1960 a 1980 Crescentes da ascensão tecnológica e cultural, como a MTV e o PC.
Geração Y (Millennials) Início de 1980 a meados de 1990 Crescentes com o advento da internet e das mídias sociais.
Geração Z Finais de 1990 a meados dos anos 2010 Os primeiros nativos digitais, crescendo em um mundo conectado à internet.
Geração Alpha Meados dos anos 2010 até o presente Nascidos em um mundo ainda mais saturado de tecnologia e informação.

Anderson Ferreira

Anderson Ferreira é engenheiro mecânico pela PUC Minas, MBA em gestão de projetos pela USP, certificado como PMP pelo Project Management Institute, Mestre em Engenharia pela UFMG e certificado PMO-CP pela PMO Global Alliance. Anderson ama a gestão de projetos e engenharia, e acredita que unindo esses dois conhecimentos podemos construir um Brasil cada vez melhor.