Aprendizado e didática

Como ser mais inteligente que um supercomputador (e não perder o emprego)

Você vai perder o emprego para um computador? Se você acha que não porque você tem um diploma de direito, contador, médico, engenheiro ou outra profissão de ensino superior, cuidado! O computador já substitui esses profissionais e muitos deles serão inúteis se não descobrirem o que eu vou te falar nesse post: como ser mais inteligente que um computador.

A máquina vai tomar o seu trabalho?

Estamos em uma era que permitiu o amplo desenvolvimento de softwares com inteligência artificial, já estamos na quarta revolução industrial, e essa revolução vai eliminar todos os empregos baseados apenas no aprendizado de informações.

Segundo o relatório The future of Jobs, publicado pelo fórum econômico mundial, nos próximos cinco anos 7,1 milhões de empregos serão eliminados.

Eu não estou falando dos empregos de trabalho braçal, baseados no esforço físico, porque esses as revoluções industriais do passado já estão substituindo. Eu estou falando de funções administrativas, de pessoas que memorizam e seguem instruções.

Assim como a máquina substituiu os trabalhadores braçais na era industrial, a máquina substituirá o trabalho dos memorizadores na era conceitual.

O estudo The Future of Employment: How Susceptible Are Jobs to Computerisation?, calculou quais as profissões mais ameaçadas de serem substituídas pelos computadores nos próximos anos.

E as profissões que mais rapidamente serão substituídas pelos computadores são aquelas que envolvem tarefas intelectualmente estáveis, tarefas de memorização de informações, tarefas de seguir procedimentos. E isso inclui várias profissões de escritório.

Um software barato já é capaz de substituir vários advogados. Várias outras profissões que exigem diploma superior podem ser substituídas.

O advogado que decorou as leis sem aprender o que é justiça, será substituído pelo computador.

Advogados são substituíveis pelo computador
Advogados são substituíveis pelo computador

O médico que memorizou sintomas e remédios e não aprendeu o real significado de saúde plena, será substituído pelo computador.

Médicos são substituíveis pelo computador
Médicos são substituíveis pelo computador

O engenheiro que sabe fazer contas e não aprendeu o conceito do que é um projeto de qualidade, será substituído pelo computador.

Engenheiros são substituíveis pelo computador
Engenheiros são substituíveis pelo computador

O professor que apenas memorizou a matéria e não desenvolveu uma didática envolvente, será substituído pelo computador.

Professores são substituíveis pelo computador
Professores são substituíveis pelo computador

O Administrador que memorizou as fases de um processo de gerenciamento e não compreendeu o que é trabalho em equipe, será substituído pelo computador.

Administradores são substituíveis pelo computador
Administradores são substituíveis pelo computador

O economista que memorizou fórmulas de como calcular índices e taxas e não compreende a dinâmica da economia, será substituído pelo computador.

Economistas são substituíveis pelo computador
Economistas são substituíveis pelo computador

Até profissões ligados as artes, como apresentadores, modelos fotográficos e cantores, já podem ser substituídas pelos computadores. Você deve conhecer a apresentadora virtual da loja Magazine Luiza ou ter comprado uma blusa em uma loja online e reparado que a “foto” do modelo usando a blusa, na verdade não era foto, era só um desenho virtual.

Modelos já podem ser substituídos pelo computador
Modelos já podem ser substituídos pelo computador

O profissional de RH que apenas memoriza perfis comportamentais mas não compreende as especificidades de cada ser humano será substituído pelo computador (veja Inteligência artificial é usada em seleções para vagas de emprego no Brasil).

Conforme as ideias apresentadas no livro The Future of the Professions: How Technology Will Transform the Work of Human Experts, Richard Susskind e Daniel Susskind demonstram que em uma sociedade totalmente conectada a Internet, não precisaremos mais de profissionais que apenas sabem comunicar informações, seja ele médico ou advogado ou qualquer outra profissão.

Toda profissão baseada apenas em memorizar, seguir e comunicar instruções será eliminada, pois o computador vai fazer isso melhor e mais barato. Se você estuda somente para memorizar instruções, o seu diploma pode ser inútil (veja mais no post Diploma inútil: quando ter diploma não significa nada).

Computador versus cérebro

Em 2011, aconteceu um grande feito da inteligência artificial. Em um jogo de perguntas e respostas, um computador superou os dois melhores memorizados de fatos de todo o mundo.

computador Watsom
computador Watsom

O computador Watsom venceu os memorizadores, e venceu com facilidade, com uma performance muito melhor. Você podia somar a pontuação dos dois memorizadores que nem assim eles iam chegar perto dos pontos marcados pelo computador.

Quando isso aconteceu, ouve muita especulação dos leigos dizendo que os computadores se tornariam mais inteligentes que os humanos. Contudo, quando nós analisamos o que é ser inteligente na era conceitual, vemos que essa especulação pode estar equivocada.

Na era da informação, estudar era para ser instruído, pois naquela época, não existia a inteligência artificial e a economia precisava de muitas pessoas para executar procedimentos estudados. Naquela época, inteligência era entendido como a capacidade de uma pessoa em memorizar informações.

Como vimos no post Como estudar após o fim da era da informação, estamos em uma era que revolucionou a economia e o mercado. Essa nova era também afetou profundamente o conceito de inteligência. O novo conceito de inteligência está ligado a expertise, a capacidade de a pessoa usar conhecimentos para gerar resultados, sejam boas ideias ou decisões, com inovação e criatividade.

Se olharmos para esse conceito, percebemos que o computador não tem mais inteligência que o ser humano, o que ele tem é maior capacidade de memorização de informações.

Computador Watsom
Computador Watsom

Eu não sei se você percebeu, mas o que o computador ganhou foi uma competição de perguntas e resposta de dados aleatórios, onde ganha quem memorizou mais informações. Não foi avaliado nenhuma expertise ou criatividade. O computador que ganhou a competição nem sabe que ele ganhou uma competição.

O computador Watsom foi a prova cabal de que memorização é realizada muito melhor pelas máquinas do que pelo ser humano.

Lembrando do post Como estudar para aprender de verdade e ser um expert em qualquer assunto, em que avaliamos o caso do memorizador profissional que memorizou a ordem de 36 baralhos em questão de algumas horas, se formos comparar ele a um computador que memoriza isso em um minuto, fica evidente a superação da memorização de um computador em relação a memorização humana.

O computador memoriza informações muito melhor que o ser humano. Isso sem falar na confiabilidade, pois o melhor memorizador do mundo esqueceu a ordem das cartas no dia seguinte, o computador manteria essa memorização por séculos.

Torne-se insubstituível por uma máquina

Com a quarta revolução industrial, serão eliminados empregos de memorização de informações, e serão criados empregos para experts, empregos cuja função é inovar. E inovar, nenhuma máquina pode fazer. Nenhuma máquina é criativa e imaginativa. A máquina substitui os memorizadores, mas a máquina não pode substituir um expert.

Não pode, e nunca poderá.

A descoberta de que é impossível que algum dia um robô tenha a criatividade do ser humano é a principal ideia apresentada no livro Mind Over Machine.

Os autores do livro provam que existe uma lei física que impede que qualquer máquina consiga reproduzir a expertise humana. Nenhuma máquina será capaz de substituir a intuição e a capacidade de inovação do ser humano. A memorização humana é substituível, mas a criatividade humana é insubstituível.

E eu te peço a permissão para falar nesse post não apenas como um expert em gestão do conhecimento, mas como um engenheiro mecatrônico e um mestre em engenharia mecânica, como alguém que tem plena compreensão dos limites da inteligência artificial. Nenhum computador toma uma decisão imaginativa.

A engenharia programa computadores para seguir instruções, é impossível programar um computador para ter uma imaginação e criar uma ideia inovadora a partir do nada. A inteligência artificial, por mais avançada que seja, nunca será capaz de ter a mente inventiva do ser humano.

É por isso que estamos na era dos inovadores, dos experts, e não na era dos memorizadores. Estude para construir a sua expertise e nunca um computador fará o que você será capaz de fazer.

É incrível poder transferir o trabalho de memorização para as máquinas, em vez de ficarmos na chatice de memorizar instruções, a era conceitual é a era da liberdade para sermos experts em nossa área de atuação, nos focando em ter ideias e inovar.

Um computador substitui um memorizador de informação, mas um computador não substitui um expert.

Como aprender melhor que o computador

A inteligência artificial tem a capacidade de seguir regras lógicas e permite o desenvolvimento do computador por meio do aprendizado de máquina. Esse aprendizado permite ao computador realizar melhorias a partir do reconhecimento e análise de padrões existentes. Contudo, esse é um aprendizado artificial, isto é, permite apenas melhorar o desempenho de seguir uma instrução, não permite nenhuma criatividade ou inventividade.

Não é esse aprender artificial que será valioso para os profissionais da era conceitual. O aprendizado de memorizar instruções é coisa da era da informação. O que importa para nós agora é o conceito de Aprender de verdade (conforme post Como estudar para aprender de verdade e ser um expert em qualquer assunto), e aprender de verdade vai além do aprendizado de informações. Aprender de verdade é assimilar o conhecimento e desenvolver a expertise para aplicar o mesmo no desenvolvimento de inovações.

É muito importante entender que memorizar informações não causa nenhuma inovação, você pode memorizar livros e mais livros e não ter ideia nenhuma.

Também não adianta conhecer muitas coisas, entender sobre muitos assuntos e não aprender a refletir sobre como os diferentes conhecimentos podem se unir e permitir inovações. A criatividade nasce do conhecimento, não nasce da memorização de fatos aleatórios. Hugo von Hofmann nos explicou isso quando disse:

“Não é conhecer muitas coisas, mas sim pôr muitas coisas em contato umas com as outras que constitui um primeiro grau de criatividade.”

Nós não vamos a escola para sermos instruídos e memorizar informações do mesmo modo que um computador. Nós vamos a escola para aprender de verdade. Somente assim teremos conhecimentos para ter ideias, e não ter informações para reproduzir igual um robô faz.

Para superar o computador, você não precisa ter tantas informações quanto ele tem. Você só precisa ter uma boa quantidade de conhecimento e usar isso com criatividade.

O aprendizado para a expertise é mais valioso que o aprendizado para instrução. Não estude para acumular o máximo de informações, estude para aprender a usar o conhecimento para gerar resultado.

Conclusão

Voltando a nossa pergunta: Como ser mais inteligente que um computador?

Resposta: Estude para desenvolver sua expertise, assim, você poderá inovar por meio da criatividade. Isso é algo que um computador nunca poderá fazer por meio do aprendizado de máquina.

Estude para desenvolvendo a sua inteligência e se tornar um expert, assim, você já é mais inteligente que o computador Watsom.

Anderson Ferreira

Anderson Ferreira é engenheiro mecânico pela PUC Minas, MBA em gestão de projetos pela USP, certificado como PMP pelo Project Management Institute, Mestre em Engenharia pela UFMG e certificado PMO-CP pela PMO Global Alliance. Anderson ama a gestão de projetos e engenharia, e acredita que unindo esses dois conhecimentos podemos construir um Brasil cada vez melhor.

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